Junho chegou
São João e São Pedro o trouxeram.
Fiz uma salva de fogos na sarandagem.
Desde o 31 de maio até quando o outro dia raiou.
A pandemia não me deixa sair.
Não posso ir às ruas ver o Pisa-pólvora.
Nem assistir às quadrilhas juninas e aos sambas de coco.
É uma dor que mexe com o meu existir.
Quando lembro dos barracões coloridos, os corpos se tocando e dançando forró, as bandeirolas balançando e a poeira subindo, fico a imaginar quantos corações doloridos.
E os trios pé-de-serra do Brasil inteiro que sobrevivem dos festejos juninos e alimentam as suas famílias com esse dinheiro..
O que será do triangueiro, do zabumbeiro e do sanfoneiro?
Quando penso nos festejos de Estância, meu pensamento navega nas faíscas do barco de fogo, me afogo na lama do mastro de Capela.
A minha mente não consegue se livrar dessa ânsia.
Já mandei mensagem aos vizinhos.
Vamos contratar um trio pé-de-serra.
Cada um em sua casa, respeitando os protocolos.
Dançarei a noite toda com os meus amorzinhos.
Mas não deixarei essa tristeza se ampliar. Apartir de hoje morarei na rua de São João. A minha varanda será o Forródromo de Areia Branca.
Xote, Xaxado e baião não irão faltar.
A minha sala de reboco será o Gonzagão. No meu quintal, o Forró Caju. A garagem será o palco das caceteiras, batucadas e batalhões.
Na cozinha,licor, cachaça e quentão.
Pamonha, canjica, beiju e bolo de milho não irão faltar.
Na minha porta vai ter fogueira, pau-de-sebo e bananeira. Na radiola, Rogério, Clemilda e Ismar Barreto.
Muito milho na fogueira eu vou assar.
O arraiá eu vou batizar de Raimundo Jacó. Darei tiro de bacamarte e soltarei buscapé. Vou usar máscara de chita com a Priquitinha no pé. E Sergipe continuará sendo o País do Forró!!!
Prof Denio Azevedo (DTUR/PPGCULT/UFS)
Projeto Sergipanidades