
Na tarde desta terça-feira (08), a Escola e Galeria de Artes Vesta Viana inaugurou a exposição “PESCA(DORES)”, do artista Wécio Grillo. Por meio de instalações, pirogravuras, ambientações e sonoridades, as obras apresentadas propõem uma imersão sensorial na vida ribeirinha, convidando o público a compreender a força e a importância dos pescadores e marisqueiras de São Cristóvão.
Segundo o artista que assina a obra, a pirogravura, técnica que utiliza o fogo para marcar a madeira, foi escolhida como método para simbolizar o desgaste, o esforço e a resistência inerentes à rotina desses trabalhadores. O projeto também apresenta referências das décadas de 1970 e 1980, que recriam elementos como as casas de taipa construídas pelos próprios pescadores. Para isso, o salão de artes foi completamente revestido de taipa, intensificando ainda mais a experiência de imersão na memória da realidade abordada.
Além das obras gravadas em madeira, a exposição inclui fotos reais de pescadores em ação, uma embarcação original de seis metros, ferramentas de trabalho e a ambientação típica do manguezal, com lama e vegetação brotando.
Wécio Grillo, artista visual
Todos os elementos foram inspirados pela vivência de Wécio com seus padrinhos e familiares, que são pescadores, como uma forma de homenageá-los e reforçar para as gerações mais novas a complexidade do trabalho árduo de quem lida com as águas e a extração de mariscos. “Precisamos entender que existem pessoas que trabalham muito para que esse alimento chegue até a nossa mesa”, defendeu.
Para isso, a expografia foi realizada por um coletivo curatorial e expográfico, formado por Rosângela Reis, Tábata Machado e Edilene Guimarães. Edilene detalhou que a montagem foi um processo desafiador, pela dificuldade de envolver as paredes com taipa, inserir uma embarcação na galeria e cobrir parte do chão de lama para reproduzir os elementos do manguezal.
Edilene Guimarães, curadora da exposição
“Um dos desafios foi justamente bolar uma forma de trazer essa lama sem danificar o prédio. E a gente conseguiu. Foi difícil, foi trabalhoso, mas, pra mim, foi um dos melhores trabalhos de expografia que já fiz. Ainda mais por trazer essa lama, trazer um pouco da estrutura real mesmo. Aqui foi maravilhoso, foi gratificante demais”, comemorou.
Laís Santos, coordenadora da Galeria Vesta Viana
Laís Santos, coordenadora da Galeria Vesta Viana, destacou que a proposta da mostra vai ao encontro do compromisso da instituição com a valorização das narrativas locais. “A Escola e Galeria de Artes Vesta Viana tem a honra de receber a exposição PESCA(DORES), profissionais que muitas vezes são marginalizados e invisibilizados.
Ancelmo Amaral, oordenador da Galeria Vesta Viana
É uma profissão essencial para a sociedade e para o município, que é composto por essa população ribeirinha”, realçou, enquanto o coordenador Ancelmo Amaral completou que a missão do espaço é contribuir para a formação coletiva que defenda esses grupos e a preservação da memória de diferentes grupos sociais e culturais do município.
Carmen Verônica, artesã e visitante da exposição
Para Carmen Verônica, artesã e visitante da exposição, a experiência de imersão foi iniciada desde a montagem da expografia, observada por ela em outra visita à galeria. Como filha de pescadores, a moradora sancristovense relatou que os objetos expostos ativaram memórias afetivas de sua convivência direta com a pesca e as águas. “Me senti muito honrada em saber que o nosso município continua valorizando essa história, trazendo isso de geração em geração. Não só para conhecer, mas para vivenciar também. Porque as beiras do rio, da maré, ainda estão aí e nunca vão acabar”, ressaltou.
A exposição ficará disponível para visitação gratuita até o dia 30 de abril. A Escola e Galeria Vesta Viana está localizada na Praça Getúlio Vargas (Matriz), no Centro Histórico de São Cristóvão, e fica aberta de terça à sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, e aos sábados das 9h às 13h.
Publicado por Clara Dias
Fotos por Dani Santos
Fonte: Prefeitura de São Cristóvão